No âmbito externo, destaque para o PIB dos EUA que veio acima do esperado, fator que levou o S&P a seu maior nível histórico. As ameaças de impeachment contra Donald Trump parecem ter se dissipado durante os últimos dias, no entanto, a mídia americana afirma que o ex-diretor do FBI James Comey estaria negociando seu depoimento frente ao comitê de Inteligência do Senado americano. A ata do FED indicou que o ritmo lento e gradual de aumento dos juros deve continuar, conforme esperado pelo mercado financeiro. Quanto as commodities, o petróleo voltou a negociar abaixo da barreira dos USD50, após acordo da OPEP ser anunciado e frustrar mercados. O cartel anunciou extensão nos cortes previamente acordados até Março, sem indicar novos cortes de produção.
No âmbito local, o assunto continua sendo a permanência ou não do presidente Michel Temer no poder, após as acusações do fundador da JBS, Joesley Batista. Enquanto muitos acreditavam que o presidente poderia renunciar, o mesmo endureceu a luta pela permanência com diversas movimentações no governo. O novo titular do ministério da justiça Torquato Jardim, foi ministro do TSE (justamente quem julgara a chapa Dilma/Temer) na década de 90. Adicionalmente espera-se que ministros solicitem vistas do processo, atrasando o mesmo significativamente. Ao nomear Paulo Rabello como novo presidente do BNDES, Temer espera retomar o ritmo de financiamento do Banco estatal e melhorar sua reputação frente a empresários e a população. Vale ainda citar a ofensiva contra a JBS e o jogo duro com rebeldes da base aliada. Assim sendo, a saída rápida que o mercado esperava pode não estar tão próxima assim.
A instabilidade política, portanto, continua muito alta e as incertezas prevalecem. Aumentam as dúvidas quanto a aprovação das reformas trabalhista e da previdência, sendo que a esperança recai sobre o comprometimento da câmara com a pauta e não com as siglas políticas. Vale ainda citar que 2018 será um ano eleitoral onde deputados e senadores poderão estar mais preocupados em se reeleger do que votar medidas impopulares como a reforma da previdência (principalmente os indiciados pela Lava-Jato, que poderão perder o foro e serem julgados pelo Juiz Sergio Moro). A situação exige cautela e a proteção é indicada. Em possíveis eleições indiretas (FHC, Rodrigo Maio, Nelson Jobim, Tasso Jereissati e Carmen Lúcia são cotados pela mídia), a cassação pelo TSE e mesmo a permanência de Temer não estão descartadas. Refletindo a atual situação, a agência Moody´s também anunciou que colocou a nota de crédito brasileira em revisão para possível rebaixamento (a agência Standard & Poors fez o mesmo dia 22) .
Fonte: Análise XP Invetimentos