Queda na taxa básica de juros da economia deve levar a mudança no perfil dos investidores
Se as previsões para julho eram conservadoras, por conta das incertezas que se instauraram principalmente no quadro político, o que de fato ocorreu no mês passado surpreendeu o mercado e os economistas positivamente: a instabilidade política diminuiu, a agenda econômica apresentou avanços e a atividade econômica dá sinais de melhora mês após mês.
“O bom momento que observamos em julho tende a continuar em agosto”, afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos. Complementando um cenário interno mais positivo, a especialista destaca que a economia mundial está entrando em um novo ciclo de crescimento, auxiliando na redução da aversão ao risco. No vídeo abaixo, Zeina explica o racional de sua análise para o mês de agosto.
Se a economia parece em um estágio mais favorável para agosto, no que diz respeito aos investimentos o cenário apresentou uma mudança importante: no dia 26 de julho o Banco Central anunciou a redução da taxa básica de juros para 9,25% ao ano, o menor patamar em quatro anos.
O comunicado da autoridade monetária também abriu a possibilidade de cortes mais fortes do que o antecipado anteriormente, fazendo com que instituições financeiras revisassem seus números e projetassem uma taxa Selic de até 7% neste ano – caso concretizado, esse será o menor nível já registrado na economia brasileira. Essa taxa serve de referência para diversas aplicações financeiras, e significa que agora ficará mais difícil para os investidores obterem ganhos de dois dígitos ao ano.
Adicionando mais risco às carteiras
Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, conta que costuma escutar muito em palestras a pergunta “o que fazer para ganhar mais de 1% ao mês”. Essa era uma questão facilmente respondida entre os anos de 2015 e 2016, quando as taxas de juros superavam os 13% ao ano e permitiam atingir esse desempenho sem muito esforço. Mas o cenário mudou e agora será preciso rever a estratégia se quiser chegar nesse número.
Com a derrubada da taxa básica de juros para 9,25% ao ano e a perspectiva de novos cortes nos próximos meses, é o momento de começar a repensar as carteiras para quem busca esse nível de rendimento. “Os brasileiros vão ter que buscar um risco um pouco maior se quiserem buscar um retorno melhor”, afirma Celson, complementando que os ganhos agora giram em torno de 0,6% a 0,7% ao mês nos investimentos de baixo risco.
Nesse novo cenário de juros baixos, o estrategista-chefe da XP Investimentos vê uma migração gradual dos investidores de um perfil conservador para moderado. Essa alteração permite acessar produtos que carregam retornos mais elevados, ao mesmo tempo em que adicionam mais risco na carteira.
Um investidor que estava acostumado a aplicar em títulos públicos do Tesouro Direto, por exemplo, pode encontrar alternativas mais rentáveis em fundos multimercados, que permitem ao gestor transitar entre diferentes mercados, como renda fixa, câmbio e ações, para identificar as melhores oportunidades. “Em momentos de queda nos juros, historicamente encontramos muitos desses fundos entregando retornos entre 140% a 200% do CDI”, afirma Celson.
Oportunidades na Bolsa
Uma alternativa para driblar os juros em baixa é o mercado acionário. O estrategista-chefe da XP Investimentos diz que há boas oportunidades, principalmente nos setores financeiro, serviços regulados (energia e saneamento) e consumo e varejo. Veja, abaixo, um pouco do racional sobre o que esperar para esses segmentos:
– Setor financeiro: os bancos podem se beneficiar da redução nos índices de inadimplência, enquanto deve manter margens elevadas mesmo com a redução na taxa básica de juros da economia.
– Setor de serviços regulados: há um debate intenso para iniciar um movimento de concessões em empresas de serviços regulados, como as de energia e saneamento. Se concretizado, pode atrair o interesse de estrangeiros para investir no setor, semelhante ao que aconteceu com os aeroportos.
– Setor de consumo e varejo: embora a taxa de desemprego permaneça elevada, a renda real da população tem apresentado melhora desde o movimento de desaceleração nos índices de inflação, o que favorece principalmente players que atuam com ticket médio baixo.
Para quem prefere continuar conservador
O perfil moderado não é para todo mundo. É preciso aceitar que em determinados momentos pode haver variação negativa nos seus rendimentos. Por isso, quem optar por permanecer com uma abordagem mais conservadora continuará a encontrar um bom cenário para investimentos no Brasil em renda fixa.
É preciso entender que o juro real – ou seja, as taxas de juros descontadas pela inflação – continua em patamares muito elevados no país, posicionando-se entre os mais altos do mundo. Para se ter uma ideia, as taxas brasileiras estão em torno de 6,5% ao ano, enquanto parceiros sul-americanos como Chile, Colômbia, México e Peru têm taxas girando em torno de 2% ao ano.
Os títulos públicos do Tesouro Direto continuam como boa opção nesse caso. No fim de julho, era possível encontrar prefixados com rentabilidade de 9,8% a 9,9% para ativos de longo prazo, o que significa ganhos próximos a 6,5% acima da inflação projetada para esse ano. Ainda que os ganhos nominais sejam menores do que no passado, poucos países no mundo oferecem ganhos reais tão elevados quanto no Brasil.
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Fonte: XP Investimentos | blog.xpi.com.br/agosto-mudanca-de-cenario-faz-com-que-investidores-tenham-que-repensar-carteiras/