Ainda há espaço para a queda de juros
- Apesar da incerteza doméstica, em especial a Reforma da Previdência, o price action tem sancionado esse cenário mais otimista para a curva de juros.
- Tanto o movimento conjuntural quanto o estrutural sugerem que grande parte da curva de juros tende a sofrer alguma reprecificação.
Neste contexto, sugerimos um posicionamento na curva no vencimento Jan/21.
A despeito dos riscos ainda presentes, o cenário conspira favoravelmente em prol de uma queda de juros mais forte e mais rápida. Os motivos que dão sustentação a isso têm caráter conjuntural e estrutural.
- Conjuntural: O Banco Central do Brasil (BCB) parece disposto a reduzir os juros mais do que o mercado tem precificado. O Cenário Focus sugere que a taxa Selic chegue à 8,50% em 2017, ficando estável ao longo de 2018. Um exercício simples que fizemos sugere que haveria espaço para uma queda maior da taxa já em 2017 .
• Estrutural: Apesar do mercado ter na conta que a Reforma da Previdência será aprovada, sempre há espaço para movimentos adicionais de acomodação da curva de juros. Isso ocorre, pois nunca há 100% de consenso, ou seja, há investidores apostando no contrário. Passada a reforma, as posições que apostam na contramão são desfeitas, criando espaço para quedas adicionais da curva de juros. Isso sem falar na expectativa de que metas de inflação mais baixas (para anos à frente), implementadas com credibilidade, também significam juros nominais menores.
Motivos para estender o ciclo de queda estão sobrando: a atividade continua frágil e as expectativas de inflação seguem caindo. O BCB é um gestor de riscos. Ainda que a Reforma da Previdência continue pendente, o Banco Central poderia estender o ciclo, dado que a atividade segue na UTI. Nesse cenário, é melhor pecar em excesso e ficar com a sensação de “passamos do ponto”, do que ser muito conservador e pesar a sensação contrária, “humm… dava para ter ido além”. Nesse cenário, a assimetria sugere que há espaço para uma queda maior da curva de juro. Especialmente em um contexto em que juros em queda estimule a atividade e, por sua vez, melhorem a capacidade de arrecadação do governo. Ambos os movimentos (conjuntural e estrutural) têm impactos sobre a curva de juros como um todo .
Ainda que os prazos sejam relevantes, as taxas de mercado, para vencimentos distintos, se movimentam conjuntamente. Por isso é importante salientar que um ciclo de queda de juros mais extenso e profundo, por exemplo, tende a puxar junto taxas para horizontes distintos.
Em suma, apesar da incerteza doméstica, em especial a Reforma da Previdência, o price action tem sancionado esse cenário mais otimista para a curva de juros. Tanto o movimento conjuntural quanto o estrutural sugerem que grande parte da curva de juros tende a sofrer alguma reprecificação. Neste contexto, sugerimos um posicionamento na curva no vencimento Jan/21.
Fonte: XP Investimentos em 15/05/2017